terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Não me add, me conheça

Doces bits trafegam pela rede mundial dos MSNs Messengers da vida, levando em suas pequenas cargas de energia o desabafo de vários corações apaixonados, amigos afastados, ou mesmo vizinhos de porta, de uma lado a outro, no mundo inteiro, num instante quase tão pequeno quanto o jeito de sorrir apenas com caracteres. =D

A Internet é a maior invenção do mundo. Ela conseguiu resumir tudo aquilo que gostamos de fazer ... bom, quase tudo. Apesar que se pensar que é só um resumo ... mas eu divago.
Informação. Isso é a Internet. E como a informação pode informar [dahh] sobre absolutamente qualquer coisa, é só ir popularizando, pra cada vez mais pessoas ficarem conectadas e mais informação ser disponibilizada e o ciclo se fecha ... ou não.

Fato também é que não vivemos só de informação, vivemos de sentimentos que também podem ser transformados em informação, mas será que o contrário também é valido?
Acho que sim, mas para que isso aconteça é preciso deixar uma coisa muito clara ... saber quem é tal pessoa é MUITO diferente de conhece-la.

Nesse mundo Facebookado, onde adicionamos comunidades, amigos, fãs, imagens, vídeos, jogos, no mais simples sentido que a calculadora de $ 1,99 pode oferecer, não podemos esquecer que por baixo de todos os layouts, buddys e avatares existem pessoas, como nós, que podem acordar com o cabelo desarrumado, mau hálito, que podem ter frieira, que gostam do mesmos autores que você, que não gostem do seu perfume porque é doce, que são vegetarianos ...

A grande maioria dessas informações também está lá, Facebookada, mas fica num lugar onde esquecemos porque tem o nome que tem ... no perfil. Segundo o meu comparsa Aurélio, Perfil é o contorno do rosto de uma pessoa vista de lado.

Que tal pegarmos esse perfil de lado, lado numérico, quadrado, geométrico e perfeitamente equalizado, e conhecermos esse perfil de frente, sem expectativas, sem promessas, sem medo de ser feliz? Afinal, queremos números de amigos ou amigos de número, de valor e peso?

Esse texto é pra alguém e esse alguém, sabe quem. Alguém, pra sua informação, não só me adicione, me conheça.

sábado, 26 de dezembro de 2009

O fim do mundo é minha lata de lixo que anúncia

Não preciso do Nostradamus, ou qualquer outro profeta chinfrim, nem preciso dos Maias, e não tô falando daquela mini-série da Globo, com o seu 21 de Dezembro de 2012. Quem me diz que o mundo está nas últimas é minha lata de lixo.

Claro que na verdade ela não fala, só mostra, mas ela ainda dá a certeza de que uma imagem vale MUITO mais que mil palavras. Basta olhar o que está dentro dela, sacos plásticos aos montes, papéis de presente, de bala, garrafas descartáveis ... poucas coisas me irritam mais do que embalagens descartáveis. É como se falassem "Não se preocupe com a poluição, a mãe natureza, o ecosistema! Isso não é problema seu! Consuma e não pense mais nisso!".

Tudo bem, o inferno são os outros, sei que uso esse tipo de coisa não reciclável, afinal, vi isso na minha lata de lixo, mas pelo menos tenho algum pudor e dou preferência sim aos produtos ecologicamente corretos. Fora a coleta seletiva, que pelo menos nas casas deveria ser feita. Sim, nas casas primeiro e não nas empresas, como muita gente sugere. Educação vem de casa e nunca nos desacompanha.

Nas últimas tentativas de dilúvio aqui em Sampa, soube de uma lição que vem de outro completo absurdo que acontece demais, os lixos na ruas e rios da NOSSA cidade. Uma amiga minha comentou que o pai dela jogou fora os cadernos antigos dela, aquelas matérias do colegial. Só que como o lixeiro já tinha passado e eram muitos cadernos, eles foram desovados no córego mais próximo, aqui pertinho, apenas alguns quarteirões da minha casa.
Qual não foi a surpresa quando na manhã seguinte, depois de uma noite acobertada de chuvas, os mesmos cadernos vieram, trazidos pelo transbordamento do rio, e pararam exatamente na entrada de carros da casa deles, que já estava começando a encher d'água.

Os cadernos de estudo, a natureza devolvendo o lixo para o bicho homem, as chuvas tão fortes e tão correntes, o aquecimento global, o fim do mundo, a minha lixeira profeta ... sei que tudo isso tem uma ligação, um sentido oculto, minha mente começa a ligar os pontos entre tudo isso ... mas eu deito e espero passar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A diferença que faz a diferença

Acho que foi Monteiro Lobato que disse “Um país é feito de homens e livros”. Lobato, como acho que por livros vocês quis dizer conhecimento, ponto pra você, só faltou definir do que os homens são feitos, já que não consegui falar contigo, por motivos óbvios, vou tentar fazer essa parte. Na minha humilde e sincera opinião, homens são feitos de livros, refeições e viagens.

Livros por causa do saber. Pode parecer meio clichê dizer isso, mas quem diz que sabe tudo não sabe de nada. Falando em clichês, eu acredito muito em muitos deles, nesses ditados antigos também, tem que ter um bom motivo pra eles existirem a tanto tempo. Falando especialmente dos livros, até hoje não encontrei nada que possa ser mais mágico, claro que temos comparações, a Internet permite que nos comuniquemos das mais inusitadas maneiras, mas tudo que ela faz é trocar informações, como os livros já faziam desde sei-lá-quando.

Refeições porque elas não servem só pra encher a barriga. Elas refletem muito mais do que a comida em si. Refletem os temperos, a disponibilidade, a vontade, o carinho, a dedicação, os caminhos, as épocas e elas ainda unem as pessoas. Umas das cenas mais bonitas que podem existir é uma família, que nem precisa ser exatamente de sangue ou de pais e filhos, sentada à mesa, apreciando da comida, da conversa, das experiências, da simpatia, dos sorrisos, do calor e da intensidade da vida. Reparem bem, quase tudo que fazemos envolve comidas, um aniversário, um casamento, um batizado, uma “matada de saudade” de dois corações distantes ou outra comemoração qualquer. As mesas também são objetos mágicos, tenho certeza.

E as viagens completam tudo isso. Como? Porque as viagens fazem a diferença, no sentido mais amplo da palavra. Comprovei isso na prática várias vezes na vida, mas a última delas foi, talvez, mas um talvez com alto teor de probabilidade, a mais intensa delas.

Estive em Minas Gerais visitando uma amiga. E entre a melhor das Lúcidas, paulistanos e paulistanas que acham que entendem de animais, pequenas-grandes pessoas, adocicados cheiros de esperança, corajosos pulos da pedra da superação, balões mágicos dentro de um Celtinha, irmãos metralha do bem e uma cachoeira que parecia cortada na faca, aconteceu algo ainda mais inusitado.

Umas das amigas, na maior e melhor boa vontade, fez pão de queijo, afinal, era Minas Gerais, ir a Minas e não comer um pão de queijo é como ir a Roma e não ver o Papa. O único detalhe é que ela esqueceu de colocar sal no pão de queijo ... que coisa, não?! Que tal colocar um pouco de manteiga ... só tem manteiga sem sal?! Num credito!
“Sabem ... fiz uma farrofa que ficou meio salgada ... podíamos misturar tudo, uai!”, disse a cozinheira. Quem me conhece sabe o que eu digo nessas horas .... Tô pronto! Pasmem! Santa idéia da cozinheira esquecida, mas muito talentosa ... pão de queijo com farofa é bão demais da conta.

De todas as coisas maravilhosas, justo essa ficou tilintando na minha mente toda a viagem de volta. A imagem daquele pão de queijo amarelinho, cortado no meio, a lá pão frances, transbordando pelas beiradas a farofa cheia de fiapinhos de carne seca mostrou que podemos encontrar comida e livros, impressos, visuais ou em áudio, em qualquer lugar, mas o que dá valor pra tudo isso é a diferença.
Se o sal não tive faltado no pão de queijo, não teríamos colocado a farofa nele, que não teria causado as diversas piadas, os comentários, as decisões e tudo mais que fez de 2 dias, dias inesquecíveis. Pão de queijo poderíamos comer qualquer um, até em Sampa mesmo, mas não teríamos a experiência da farofa, cachoeiras existem em muitas lugares, mas nenhuma delas tem a mistura de paulistanos, mineiros e catarinenses, não com aqueles ingredientes, não com aquele sabor.

Mineiros, um pedaço de mim ficou por aí, se alguém achar, por favor, me ligue, porque vou visitá-lo. Já não quero esse pedaço de volta porque agora tenho um pedaço de Minas em mim, ele até me deixou com um tantinho “di sutaque”, que insiste em não ir embora. Que tal fazermos uma troca, Minas? Você fica com esse pedaço do Felipe e eu fico com esse pedaço de Minas aqui comigo, porque só de pensar em tirar ele daqui dói demais.

Obrigado, pela Diferença, Deus meu! Muito obrigado!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O melhor dos iguais

E estávamos, o Japa e eu, andando pela Paulista nesse fim de semana ... pra ser bem sincero e exato, fomos naquela galeria que vende produtos eletrônicos “La garantia soy yo”, aliás, “La garantia és watchatcha”, por causa dos Chinas, tanto é que o “Aifone” que o Japa comprou já deu pau. Me passou pela cabeça fazer uma piadinha com Japoneses e paus, mas vou só deixar a dica.

Andando por ali é nítido pra qualquer um que observe um cadinho, estamos nos tornando nórdicos, ou pelo menos tentando. É incrível o tanto de loiras de cabelo liso, quase escorrido, que circulam por aí. Todas elas magras, bem magras, magras do tipo quanto mais magras melhor, aquele cabelo “queimado” de loiro, brincos de argola, de tamanho suficiente pra servir de brincadeira nas barracas de festas juninas. Pronto! Esse é o atual estereótipo de mulher bonita.

Bem na frente da filial paulistana do Paraguai tem um café, onde passamos rapidamente. Só em uma mesa estavam 4 Barbie Girls, tomando açaí.
Enquanto o Japa escolhia o seu novo cel, fiquei pensando, porque será que seguimos tanto o que outros fazem, falam, vestem, comem, pensam e olham se somos únicos? Será que não temos personalidade o suficiente pra viver as nossas vidas? Ou vontade? Nem consegui terminar esse pensamento, o Japa já me chamou pra irmos a outro box ver se conseguíamos um preço mais baixo.

Quando começamos a discutir preço com a Chinesa, ou Coreana, é que eu percebi, ainda bem que procurávamos um telefone no estilo “Aifone”, porque não teríamos muitas opções. A maçazinha está infestada em todas as lojas. Aquele lugar todo é um grande pomar de maças digitais tocadoras de mp3. Me senti amuado por mais essa demonstração de vida em sociedade, como se todas as maças tocassem a nona de Beethoven ao mesmo tempo, mostrando quem manda de verdade ali.

Saí pensando nas maças, nas Barbie Girls e nos cabelos loiros quando, atravessando a rua, passei por alguns Emos, saindo do Mc Donald’s e comentando se o novo Orkut vai ser melhor que o Facebook. Deus meu! É muita padronização pra mim!
Não que eu seja contra encontrar pessoas que gostem das mesmas coisas que você, muito pelo contrário, essa sensação de identidade conforta. Quer coisa que dê mais identidade do que ir num jogo de futebol e ouvirmos 30, 40, 50, 60 mil pessoas gritarem a mesma coisa que a gente.

Acontece que estamos ficando esmagados por toda essa padronização. Aquilo de deveria fazer com que sentimos mais próximos um dos outros acaba, muitas vezes, nos afastando de quem nós deveríamos ser mais próximos, de nós mesmos. O conceito de identidade está perdido nesse mundo do melhor dos iguais, porque ter identidade não é ser idêntico aos outros, mas se identificar com você.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Vivendo e aprendendo a viver aprendendo

Em algum dia do começo desse ano assisti um dos filmes da Pixar, aliás, Disney Pixar, e saí com a sensação de que dificilmente assistiria a um filme melhor, pelo menos dentro daquele conceito. Adorei a maneira inusitada, pela visão de um robô, que Wall-E nos mostra um mundo de humanos robotizados e robôs humanizados. Não sei não se isso não pode acontecer um dia no mundo real, mas sou humano e nada do que é humano me é estranho.

Meses depois da experiência humana disfarçada de Wall-E e Eva, assisto outro filme da Disney Pixar, que sente um prazer enorme em desfazer conceitos e derrubar padrões definidos de filmes que têm sucesso garantido, fazendo o filme pelo grande prazer de emocionar, entreter, pela pura arte do cinema, sem se preocupar, antes mesmo de criar o filme, se ele terá uma forte marca comercial para vender bonecos ou qualquer tipo de brinquedo que possa vir num Lanche Feliz qualquer.

Dizer que “Up – Altas Aventuras” é um filme bom não é justo. É um filme comovente, tocante, singelo e saborosamente divertido. Fala da história de um velhinho, sua esposa e o sonho de infância que eles compartilharam, o de mudar sua casa para o Paraíso das Cachoeiras.
Logo no começo do filme tem uma cena relativamente longa, não mais que 5 minutos, composta apenas de imagens e música, sem falas, resumindo a vida do casal. Tenho que admitir, nessa hora produzi lágrimas o suficiente para salgar o saco de pipocas. Não sei foi a música, um piano suave, digno de Nino Rota, as dificuldades que os velhinhos passaram, ou a seqüência muda, mas que fala mais do as palavras alcançariam. Lembrei muito da fala do Orson Welles, no filme Cidadão Kane, quando diz que “Eu não acredito que palavra alguma possa explicar a vida de um homem”. Você acertou de novo, Rosebud.

Numa época em que os mutantes, vampiros, lobisomens, robôs super poderosos e sagas com partes ad-infinitum infestam as telas dos cinemas, e as barraquinhas dos piratas, um filme estrelado por um velinho de 78 anos, um escoteiro de 8, e uma casa voadora, atira uma enorme pedra no teto de vidro da industria da mesmice. Não só pelo que acontece no filme, mas também pelo que acontece para o filme acontecer. De nada mudou a opinião dos diretores do filme quando saiu no mercado à notícia que o novo filme de animação seria estrelado por um velhinho e as ações caíram. Isso só serviu pra mostrar o quanto as pessoas que pensam no mercado não fazem parte dele, porque não estão vivendo e aprendendo.

Carl Fredricksen mostra, em uma hora e meia, que a viver é aprender, e mudar, e ousar, e sentir, arriscar e ser feliz. A tão falada Zona de Conforto, não conforta. Ela só nos mantém parados, e se você não está indo pra frente, está ficando pra trás, de você mesmo.
Como citei um pouco acima, não dá pra definir a vida de um homem com palavras, então assitam, Up – Altas Aventuras, e aprendam por vocês mesmos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Já te disse [Romântico! ;-D]

Já te disse o quanto meu olhos refletem a luz dos seus, mas nunca te disse o quanto essa luz aclara o mais tenebroso dos meus pensamentos, dos meus sentimentos e cada lugar vazio do meu coração.

Já te disse que o gesto, o momento, o gosto e o desejo do nosso, SÓ NOSSO, beijo tem o poder de transformar a noite em dia, a sombra em luz, mas nunca te disse que a falta desse mesmo beijo deixa a sensação de que o mundo é cinza, que o tempo não existe e que a natureza ainda não se fez.

Já te disse que todos os momentos em que os nossos pensamentos se cruzam, o que acontece quase o tempo todo, sorrisos brotam nos nossos rostos, mas nunca te disse que esses sorrisos já estavam ali, eles realmente só estavam esperando pra brotar, porque nós já fizemos uma plantação infinita deles, alimentados pelo sol de um sentimento também infinito.

Já te disse que toda vez que conseguimos ver um futuro mais amoroso de um mundo mais amoroso, o mundo gira devagar, mas eu nunca te disse que isso só faz sentido porque o futuro é feito de um monte de pequenos presentes, que têm esse nome porque realmente são dádivas, que aprendemos a enxergar juntos.

Já te disse o quanto gosto de ver o sol, com aqueles primeiros raios da manhã, amarelos e quentinhos, passando pelo vão dos meus dedos enquanto eu estico a mão em direção a ele, na vã tentativa de segurar um pouco do seu brilho, mas nunca te disse que quando as nossas mãos se encontram eu sinto todo o brilho do mundo ali, na distância invisível do nosso toque.

Já disse que te amo, do fundo do meu coração, mas nunca te disse que eu vivo de você, com você e pra você, porque aí está o sentindo de viver feliz, simplesmente por viver.

domingo, 9 de agosto de 2009

Mais mancadas, mais camisinhas e um outro King Kong, agora no mercado

Quem leu a primeira estória desse blog já deve imaginar do se trata essa estória aqui, mas, infelizmente, MUITO infelizmente mesmo, dessa vez vou ter que falar o nome das pessoas envolvidas, só que eu quero deixar claro, claríssimo, que sou obrigado a fazer isso porque o Rafa é um grande fela. Nunca vi! Ele não conseguiu segurar por 5 minutos o próprio Gorila, porque os Micos já ficaram pra trás, e além do Rafa ser uma tremenda de uma Fifi, um Zé Lendinha Fofoqueiro [sim, eu to nervoso!] adivinhem pra quem ele foi contar?! PRO JAPA! Logo o Japa, que não sabe, e na maioria das vezes também não quer, ser discreto. Como bem disse um amigo meu, o Japa sussurra no mesmo volume que o Silvio Luiz grita GOL! Então, antes que o Japa, que até ameaçou fazer um blog, queira fazer uma versão deturpada dos fatos, vou escrever a minha versão, que mais se aproxima da verdadeira.

Como o pessoal de casa estava viajando, incluindo a grande cozinheira que é minha mãe, tivemos que tomar vergonha na cara e encarar a cozinha, o que não é um problema tão grande assim, eu gosto de cozinhar, e cozinho bem, mas o tempo é que muitas vezes falta, fora a criatividade, mas uma certeza nós tínhamos, não dava pra viver de pizza por 10 dias. Então o Rafa e eu fomos caçar no mercado mais próximo na nossa selva de pedra.

Não sei porque cargas d’água eu já tinha decidido que faria strogonoff, com um toque pessoal, ou seja, alguma coisa de carne porco. Enquanto andávamos no mercado, pegando os ingredientes e colocando no carrinho passamos bem em frente a um suculento pedaço de bacon ... que dúvida, strogonoff de frango com bacon, vamos fazer uma experiência. Já com o pedaço sarado de bacon fomos comprar o frango.

Aquele balcão enorme, cheio de clientes e 2 pessoas pra atenderem, mas como somos brasileiros e a fila normalmente não nos repele, muito pelo contrário, a maioria dos brasileiros é tarado por uma fila, esperamos calmamente até ouvirmos aquele “Próximo!” de um atendente mal humorado, talvez por causa do seu Extra-Salário. Já tinha feito mais ou menos os cálculos da quantidade de comida pro Rafa, o Japa e eu. Mais ou menos 2 litros de Strogonoff e umas 3 xícaras de arroz, mais batata palha, deve ser suficiente, então pedi um filé de peito bem grande, esperando que chegasse a umas 700 gramas. O cara pegou o frango e pesou direto na balança. Não tinha nem um plástico na mão, que estava no bolso do jaleco, nem um plástico na balança. Resolvi não reclamar, tudo isso vai ser cozido mesmo, pensei, não vou bancar o cliente mané do mês porque eu sei que em algum lugar escondido dos clientes o pessoal que trabalha no mercado guarda umas fotos escondidas dos piores clientes pra cuspir na comida deles e coisas assim ... ta bom, talvez não exista algo assim, mas como é algo que eu faria, prefiro não arriscar.

A balança mostrou que o filé de peito ficou nas 677 gramas. O atendente já ia jogando o filé dentro do saquinho, fechando e perguntando “Mais alguma coisa?” quando eu falei “Queridão ... será que você não consegue um com 700 gramas pra mim?”. O atendente e o Rafa olharam pra mim com aquela cara de “Larga mão de ser Joselito!” e eu tenho admitir, fui mesmo chato ali, só não pensei isso na hora.

O atendente começou a pegar uns outros filés e pesá-los um por um. Quando ele já tava mais ou menos no quarto teste e na quarta bufada, exprimindo toda a sua raiva por compradores de filé de peito de frango com mais de 700 gramas, o Rafa interferiu falando “Fé, vamos levar o outro mesmo. Ta bem próximo do peso que você queria, não vai fazer diferença.” e eu concordei. Mancada número 1. Eu não deveria, jamais, ter aceitado o que o Rafa disse naquele singelo momento, seja lá o que ele dissesse. “Fe, o Michael Jackson morreu!”, “Não morreu não! E vai se lascar, antes que eu me esqueça!”, ou qualquer coisa assim, o importante era não concordar com ele pra pelo menos não ficar com nipe de frutinha dominada, mas já era tarde demais.

No instante que eu olhei pro atendente, que o olhar dele cruzou com o meu, eu vi e ouvi pelos olhos, direitinho, o que ele tava pensando. “Quer dizer então que era só falar com o maridinho da cozinheira que ele convencia a frescurenta!”. Maldito! Ele não disse nada, mas que pensou, ahh pensou o maldito! Peguei a sacolinha e saí andando pro lado, meio sem rumo, mas não cheguei a andar nem uns 6 passos, quando o Rafa me parou pelo braço e falou “Olha aqui o vinho que te falei. Que tal levarmos um hoje pra saborear alguma coisa diferente?”. Mancada número 2. O atendente ainda olhava pra gente e eu vi e ouvi de novo, os pensamentos daquele lazarento eram tão fortes que com certeza tocou em algum rádio AM naquele momento. “Hoje vai ter festinha na casa do casal barbado, então?! Duas bichonas! BICHONAS!”. Não sei se considero como uma mancada número 3 ou uma extensão da número 2, o fato é que levamos o vinho, sabem como é, “Pisou na merda, abre os dedos.”.

Chegando no caixa coloquei os ingredientes na esteira e fui sacando o cartão, quando o Rafa me chamou pra mostrar algo que viu naqueles corredores montados especialmente com aqueles produtos miúdos, de valor baixo, só pra você pegar mais uma coisinha e encher um pouquinho mais a sua compra antes de realmente pagá-la. “Olha só o que tem aqui Fe ...”, mas a caixa interrompeu ele perguntando “Qual a forma de pagamento, Senhor?”. Entreguei o cartão pra ela e virei de novo a atenção pro Rafa que me mostrou um pacote de camisinhas “Acho que nunca tinha visto uma dessas” - disse ele, “Sabor Salada Mista ... será que você já usou alguma assim?”. Fiz que não com a cabeça e peguei o pacote na mão, onde vi que as camisinhas do pacote eram de sabor pêra, uva e maça, mas foi só aqui que me liguei da odiosa mancada número 3 que pintou no ar.

Eu entendi o que Rafa quis dizer, se eu já tinha usado com a minha respectiva, mas isso não fazia a menor diferença pra caixa que olhou pra nós, com o pacote de camisinhas na mão, olhou pro vinho e o resto das compras, deu uma risadinha abafada e passou o meu cartão na leitora, e foi nesse exato momento que eu fui soterrado pelo mau humor, apesar de agora ter passado como o passivo da estória. Enquanto o Rafa falava pra caixa algo do tipo “É claro que usamos camisinhas com as nossas namoradas, entre a gente é só amizade” eu só consegui prestar atenção na caixa, passando o cartão lentamente na leitora e depois olhando a frente do cartão. Meu nome! Ela sabe o meu nome! Pensei em mudar o modo de pagamento, pagar no dinheiro, mas a carteira estava vazia, pra ser exato tinha uma ficha de fliperama, que quase virou uma estrela ninja que ia voar, sem querer querendo, na jugular da maldita caixa, só que era tarde demais. “Sua senha, Senhora?” foi o que eu pensei ter ouvido, mas acho que ela disse senhor, mas como estava soterrado pela mau humor citado acima resolvi não encrencar mais. Digitei a senha e saímos dali, certo de que não voltaria ali por um bom tempo, agora, além de ter a minha foto como cliente mane do mês, a lá Mc Donald’s, nos bastidores do mercado, ainda teria um acréscimo escrito a pincel atômico, “Bichona do ano”. Se antes ele já cuspiriam na comida não quero nem pensar no que fariam agora.

Voltamos pra casa. Eu com aquela sensação que sempre me consola em momentos assim, pelo menos vou ter uma estória boa pra contar. Depois publico no blog alterando o nome e alguns fatos, pra não ficar tão esdrúxulo, e sei que ainda vou rir disso. Quase me auto-consolei com esse pensamento.

Entrando em casa o Tio Valter me chamou pra tirar alguma dúvida dele sobre algo na Internet, o que me deixa muito feliz, com quase 70 anos e apenas 1 ano de vida virtual meu tio já é quase um hacker, nada, nada ele é um usuário muito esperto, pelo menos nunca clicou naquels links que vem nos e-mails ou recados no Orkut dizendo “Lembra daquele dia que ficamos juntos, dá uma olhada nas fotos aí! Saudades enormes!” ou coisas desse tipo. O Rafa resolver subir na frente pra deixar as compras na cozinha e assim que tirei a dúvida do tio subi pra cozinha. Não usei mais do que 5 minutos na consultoria informática familiar.

Quando subi pra cozinha encontrei o Japa com um sorriso muito estranho e, mais estranho ainda, ele estava me esperando sentado. Olhei com aqueles olhos de desconfiança pra ele, que já disparou, naquele volume típico, “QUER DIZER ENTÃO QUE A PREFERÊNCIA É PELAS FRUTINHAS! PELO MENOS VOCÊS SE PROTEGEM!”, frase essa que veio seguida da risada em tons de trincar cristais.

Agora falem! Não é pra matar um cara desses! Não consegue segurar o próprio King Kong por 5 minutos e ainda fala pro cara que mais vai zuar ele pelo resto da vida! Até dá a entender que ele fica feliz com essa estória toda e não quer que ela fique pra trás ... pensando bem, depois de tudo isso, é melhor não juntar "feliz" e "atrás" na mesma frase, pelo menos não com o Rafa por perto.

P.S. Me sinto na obrigação de contar alguma estória do Japa. Aguadem! =D
P.P.S. O Rafa não é o Zé da primeira estória. O outro soube guardar um segredo por MUITO mais que 5 minutos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ovo frito de gema mole

Todo mundo tem uma, ou algumas, lembranças mais fortes da infância, pelo menos eu acho que sim. A minha lembrança mais forte é com a minha mãe e minha vó materna, a vó Laura. Lembro das duas na cozinha de casa, minha vó fritando um bife, mas que se tratando da vó Laura era sempre maravilhoso, ninguém na família frita bifes como a vó Laura, e minha mãe junto dela falando mais ou menos assim “Ovo frito de gema mole ... pra comer com pão.”, enquanto rolava no fundo uma música, se não me engano da dupla Gian e Giovanni, que falava “Olha amor ... foram tantas por aí ....”, no Sabadão Sertanejo. Lembrei muito disso em dois finais de semana não muito distantes – lembrei ainda é um jeito carinhoso de falar, nem sei quando o Sabadão Sertanejo deixou de passar. Realmente fui buscar isso no fundo do sarcófago.

Na primeira lembrança estava jantando com a minha amada mãe, dentro de casa geralmente tratada pelo carinhoso apelido de “Mano Mãe”. Eram mais de 11 horas da noite e ela estava cozinhando. Quem conhece ela sabe que isso não é tão atípico assim, mas ela estava fazendo, ao mesmo tempo, bolo de limão, molho de tomate com pimentão e cebola, chocolate quente, sempre irrecusável, e fritando bisteca de porco e não, isso não me causou uma revolução intestinal depois.
Mesmo com tudo isso de comida ela perguntou “Quer que eu frite um ovinho pra você comer junto?”. A minha resposta foi só aquele “Hum Rum” de boca cheia, enquanto dava uma rabeada de olho na TV onde passava o Zorra Total - horrorível. Logo em seguida veio a frase da minha mãe “Ovo frito, sempre de gema mole” e só essa frase foi o suficiente pra me causar uma rápida escapada da realidade.

Não posso nem dizer que viajei num piscar de olhos porque sei que sonhei de olhos abertos, mas naquele instante eu me vi pequeno de novo. A casa cheia, com todos os Tios, Valter, Zézo, Totó, Olavo, Floriano, com os seus filhos e esposas. Eu estava na mesa, com os meus primos Caio e a Corá aprendendo a jogar baralho, enquanto o mundo girava muito lentamente, bem diferente das conversas familiares e dos comes e bebes, que pareciam sumir dos pratos magicamente, mas que magicamente apareciam de novo, pelas mãos das super-mães presentes.

O segundo momento foi quando vi o meu sobrinho, simplesmente paralisado, enquanto assistia o que é de longe o seu programa favorito, o Cocoricó. Ver ele em pé no sofá, olhando como se cada uma das cores e dos sons da TV fossem absorvidos pelos seus sentidos, ocupando todo o seu processamento interno, fez a minha irmã chamar a atenção dele – “Gui, sofá foi feito pra sentar!”. Esse momento me trouxe a mesma lembrança do ovo frito de gema mole do primeiro parágrafo, só que eu não tinha entendido porque, até um pouco antes de começar a escrever essa estória.

Muito mais do que a lembrança da infância, nós crescemos, enquanto as lembranças só tendem a encolher. Ainda bem que o cara lá de cima, que sabe bem o que faz, não deixa que os nossos sentimentos sumam. Podemos até não nos recordar de todos os momentos que tivéssemos com as pessoas importante da nossa vida, mas o sentimento construído com cada um desses momentos vai ficar guardado, nem que seja dentro da última gaveta do último armário dos sentimentos guardados. Até aí acho que não tem muita novidade pra ninguém.
O que eu não tinha pensado até agora é que essas lembranças também ficam nas outras pessoas e a foto do meu sobrinho, que fica na minha mesa do trabalho, me fez entender isso.

Me peguei pensando em como é bom passar um tempo com ele no chão, brincando de qualquer coisa que eu mesmo na maioria das vezes não sei o que é. Ver ele [vê-lo está errado na minha gramática!] formando os seus sentimentos, as suas impressões do mundo, aprendendo, enquanto eu fico tentando passar pra ele o que eu tenho de melhor, mesmo que as vezes seja só um sorrisinho seguido de uma mordida, de leve, é claro, no meio da “rabiga” dele. Esse é o meu jeito de dizer pra ele que me importo e amo ele, como os assopros da minha irmã nos meus machucados quando pequeno, que eram MUITO freqüentes, ou o ovo frito de gema mole da minha mãe sempre vão me dizer que somos, e sempre seremos, unidos, mesmo que muitas vezes afastados.

De novo sonhei de olhos abertos, só que agora eu fui pro futuro, talvez uns 20 anos pra frente. Onde eu vi o Gui, já uma grande pessoa, tanto de tamanho quanto de personalidade, comendo um pão com ovo frito, de gema mole, claro, fritado pela vó dele, porque “Ninguém faz um ovo frito de gema mole igual ao seu Vó!”, e eu ali, bem do lado de toda família, cheio de saudades de mim mesmo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Teoria do Playmobil

Sabe aqueles dias você que a única vontade que você tem é de deitar e dormir, e dormir, e dormir, até acordar, como dizia na propagando do Mc Donald’s?! Sem ter de lembrar que amanhã você tem que acordar cedo, de novo, com aquele despertador barulhento, pra enfrentar aqueles problemas que você não gostaria que existissem, como o trânsito de São Paulo, que é MONSTER! Acho que todo mundo tem “um dia daqueles”, e ele não é bonitinho como naquele livro de auto-ajuda.

Não me levem a mal, não estou em crise existencial. Amo a minha família, meus amigos, minha namo, meu trabalho, meus hobbies e passatempos. De verdade, acho que tenho uma vida ótima, mas isso não quer dizer que não encontramos buracos no meio do caminho. O problema é que nesse momento encontrei um daqueles buracos que não dá pra falar que eu caí nele, só consigo definir como um buraco que eu bati! E bati de frente!

Mesmo num momento desses, onde “um dia daqueles” já virou “uma semana pra lá de onde você jamais esteve” eu sempre me lembro, têm coisas que o dinheiro não compra, pra todas as outras existe a Teoria do Playmobil.

Quem não se lembra do nosso querido amigo Playmobil?! Aqueles bonequinhos temáticos que estão sempre com aquele sorriso no rosto?! Quem não se lembra é só dar um “Googlada” rapidinha e ver, podem procurar, todos os Playmobils estão sempre, SEMPRE, sorrindo. Até parece que eles foram criados pelo Daniel, sabem?! O cantor sertanejo?! Duvido qualquer um de vocês acharem um foto do Daniel de boca fechada. Podem reparar em qualquer aparição dele, em festas, entrevistas, programas de TV ... enfim, qualquer coisa mesmo, ele não fecha a boca nunca. Fica sempre mostrando aqueles dentes que parecem Mentex de tão brancos e quadradinhos ... mas eu divago.

O fato é que os Playmas me inspiram. Eles são bombeiros, policiais, médicos, romanos, circenses, corredores, piratas e um monte de outras profissões, e vidas, com altas tendências a problemas, ou vocês acham que é fácil ser bombeiro?! Não só pelo ponto da coragem, mas pelo risco e, talvez, a chance de não conseguir salvar o que você queria. Até hoje não me conformo que naqueles ataques do PCC eles chegaram a matar um bombeiro. Só que não importa o que aconteça, eles, os Playmas, estão sempre sorrindo.

Aí sempre tem uma pessoinha que vai falar, “Mas eles são bonecos!”, e é claro que sei disso, só que tudo tem um motivo, um porque, mesmo que não saibamos direito. Ou vocês acham que a Barbie venderia o tanto que vende se ela fosse baixinha, gordinha e com buço?! O look da Barbie fez história com o jeitinho cabelo liso, peitão, cinturinha e bundão, é só prestar atenção nos padrões de beleza. Ponham uma foto da Gisele Bundchen do lado da Barbie e vejam!

Os Playmas podem não ser o estereótipo de beleza, mas com certeza são um dos exemplos de como encarar a vida, pelo menos pra mim, já que eu não posso mudar as coisas a minha volta, nem a ordem e nem como elas acontecem. Eles me ensinaram que não importa o que faça da vida nem o que aconteça nos meus dias, os meus dias sempre terão mais vida se eu colocar um sorriso no rosto, mesmo que meio estampado.

Afinal, mesmo que “O Segredo”, que já pode ser chamado de ”A Fofoca” ou “O Babado”, porque TODO MUNDO já conhece, não seja verdade, eu não quero ser lembrado como aquele cara que ficou carrancudo quando pisou no cocô, pra não escrever o que pensei. Prefiro ser essa metamorfose-sorridente-ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, mesmo quando o cocô entra pelo vão dos dedos.