segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Vivendo e aprendendo a viver aprendendo

Em algum dia do começo desse ano assisti um dos filmes da Pixar, aliás, Disney Pixar, e saí com a sensação de que dificilmente assistiria a um filme melhor, pelo menos dentro daquele conceito. Adorei a maneira inusitada, pela visão de um robô, que Wall-E nos mostra um mundo de humanos robotizados e robôs humanizados. Não sei não se isso não pode acontecer um dia no mundo real, mas sou humano e nada do que é humano me é estranho.

Meses depois da experiência humana disfarçada de Wall-E e Eva, assisto outro filme da Disney Pixar, que sente um prazer enorme em desfazer conceitos e derrubar padrões definidos de filmes que têm sucesso garantido, fazendo o filme pelo grande prazer de emocionar, entreter, pela pura arte do cinema, sem se preocupar, antes mesmo de criar o filme, se ele terá uma forte marca comercial para vender bonecos ou qualquer tipo de brinquedo que possa vir num Lanche Feliz qualquer.

Dizer que “Up – Altas Aventuras” é um filme bom não é justo. É um filme comovente, tocante, singelo e saborosamente divertido. Fala da história de um velhinho, sua esposa e o sonho de infância que eles compartilharam, o de mudar sua casa para o Paraíso das Cachoeiras.
Logo no começo do filme tem uma cena relativamente longa, não mais que 5 minutos, composta apenas de imagens e música, sem falas, resumindo a vida do casal. Tenho que admitir, nessa hora produzi lágrimas o suficiente para salgar o saco de pipocas. Não sei foi a música, um piano suave, digno de Nino Rota, as dificuldades que os velhinhos passaram, ou a seqüência muda, mas que fala mais do as palavras alcançariam. Lembrei muito da fala do Orson Welles, no filme Cidadão Kane, quando diz que “Eu não acredito que palavra alguma possa explicar a vida de um homem”. Você acertou de novo, Rosebud.

Numa época em que os mutantes, vampiros, lobisomens, robôs super poderosos e sagas com partes ad-infinitum infestam as telas dos cinemas, e as barraquinhas dos piratas, um filme estrelado por um velinho de 78 anos, um escoteiro de 8, e uma casa voadora, atira uma enorme pedra no teto de vidro da industria da mesmice. Não só pelo que acontece no filme, mas também pelo que acontece para o filme acontecer. De nada mudou a opinião dos diretores do filme quando saiu no mercado à notícia que o novo filme de animação seria estrelado por um velhinho e as ações caíram. Isso só serviu pra mostrar o quanto as pessoas que pensam no mercado não fazem parte dele, porque não estão vivendo e aprendendo.

Carl Fredricksen mostra, em uma hora e meia, que a viver é aprender, e mudar, e ousar, e sentir, arriscar e ser feliz. A tão falada Zona de Conforto, não conforta. Ela só nos mantém parados, e se você não está indo pra frente, está ficando pra trás, de você mesmo.
Como citei um pouco acima, não dá pra definir a vida de um homem com palavras, então assitam, Up – Altas Aventuras, e aprendam por vocês mesmos.