terça-feira, 10 de novembro de 2009

O melhor dos iguais

E estávamos, o Japa e eu, andando pela Paulista nesse fim de semana ... pra ser bem sincero e exato, fomos naquela galeria que vende produtos eletrônicos “La garantia soy yo”, aliás, “La garantia és watchatcha”, por causa dos Chinas, tanto é que o “Aifone” que o Japa comprou já deu pau. Me passou pela cabeça fazer uma piadinha com Japoneses e paus, mas vou só deixar a dica.

Andando por ali é nítido pra qualquer um que observe um cadinho, estamos nos tornando nórdicos, ou pelo menos tentando. É incrível o tanto de loiras de cabelo liso, quase escorrido, que circulam por aí. Todas elas magras, bem magras, magras do tipo quanto mais magras melhor, aquele cabelo “queimado” de loiro, brincos de argola, de tamanho suficiente pra servir de brincadeira nas barracas de festas juninas. Pronto! Esse é o atual estereótipo de mulher bonita.

Bem na frente da filial paulistana do Paraguai tem um café, onde passamos rapidamente. Só em uma mesa estavam 4 Barbie Girls, tomando açaí.
Enquanto o Japa escolhia o seu novo cel, fiquei pensando, porque será que seguimos tanto o que outros fazem, falam, vestem, comem, pensam e olham se somos únicos? Será que não temos personalidade o suficiente pra viver as nossas vidas? Ou vontade? Nem consegui terminar esse pensamento, o Japa já me chamou pra irmos a outro box ver se conseguíamos um preço mais baixo.

Quando começamos a discutir preço com a Chinesa, ou Coreana, é que eu percebi, ainda bem que procurávamos um telefone no estilo “Aifone”, porque não teríamos muitas opções. A maçazinha está infestada em todas as lojas. Aquele lugar todo é um grande pomar de maças digitais tocadoras de mp3. Me senti amuado por mais essa demonstração de vida em sociedade, como se todas as maças tocassem a nona de Beethoven ao mesmo tempo, mostrando quem manda de verdade ali.

Saí pensando nas maças, nas Barbie Girls e nos cabelos loiros quando, atravessando a rua, passei por alguns Emos, saindo do Mc Donald’s e comentando se o novo Orkut vai ser melhor que o Facebook. Deus meu! É muita padronização pra mim!
Não que eu seja contra encontrar pessoas que gostem das mesmas coisas que você, muito pelo contrário, essa sensação de identidade conforta. Quer coisa que dê mais identidade do que ir num jogo de futebol e ouvirmos 30, 40, 50, 60 mil pessoas gritarem a mesma coisa que a gente.

Acontece que estamos ficando esmagados por toda essa padronização. Aquilo de deveria fazer com que sentimos mais próximos um dos outros acaba, muitas vezes, nos afastando de quem nós deveríamos ser mais próximos, de nós mesmos. O conceito de identidade está perdido nesse mundo do melhor dos iguais, porque ter identidade não é ser idêntico aos outros, mas se identificar com você.

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