quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ataque de Oportunidade

Adorava dormir na casa da Mônica e não só pelo motivo que leva um homem e uma mulher a passarem uma noite juntos. Química boa, perto do meu trabalho, com garagem, ela era ótima cozinheira, atenciosa, café na cama, beijinho de despedida.
Mas algo me chamava ainda mais à atenção.

Esse algo dividia o AP com a Mônica, tinha perto de um metro e sessenta, olhos negros, quase tão negros quanto o cabelo chanel, que dava aquele toque de Cleópatra em cima da pele bronzeadinha com medidas de um violão. Quase uma escultura grega.
Atendia pelo nome de Claudia.

A Claudia era discreta. Sempre muito simpática, mas discreta. Nunca puxava assunto demais, não batia na porta do outro quarto, não demorava no banheiro, jantava antes ou depois de nós. Mesmo quase não aparecendo, ela não saía da minha mente.
Talvez isso tenha esfriado um pouco as coisas com a Mônica. Talvez fosse o prazo de validade dos relacionamentos sem amor batendo a porta. Talvez eu só seja um completo palhaço que estava ficando cansado daquele picadeiro. Só dava pra ter certeza de uma coisa.
Eu queria a Claudia.

Sempre ouvi falar que esse tipo de troca é impossível, quase como tentar trocar de irmãs só que ainda mais difícil. Dizem que muitas irmãs fazem essas trocas de pirraça. Deve ser por influência da Ruth e da Raquel daquela novela antiga.
Seria difícil aparecer na vida da Claudia de outro jeito. Tinha que ser um ataque interno e eu tinha um plano.

Começaria propondo um ménage-a-trois para a Mônica. Conheço bem ela, isso é o tipo de coisa que ela nunca faria. Depois de ser totalmente execrado pela Mônica, ela iria comentar o completo absurdo com a Claudia que a apoiaria na minha condenação de heresia em terceiro grau, cumprindo a sua função segundo o “Manual Dasamiga”.
Só que no fundo a Claudia ficaria intrigada por estar inclusa no meu sonho erótico e, com um pouco de sorte, talvez ela ficasse um tanto lisonjeada. Aí era só ligar pra ela com uma desculpa qualquer - “Esqueci uma coisa aí no apartamento, mas não queria falar com a Mônica”.
O plano era meio maluco, mas eu sou mais maluco que o plano.
Precisava tentar.

Falas ensaiadas. Coragem a postos. Marquei com a Mônica. Com o meu coração batendo no ritmo da música do Missão Impossível, falei da proposta com aquele ar de safado, do pior tipo de cafajeste que pode existir.

Deu tudo errado. De nada adiantou meu plano infalível.
Ela aceitou e a Claudia também.
Me contentei com um ménage.
E eu que achava que conhecia a Mônica.

Nenhum comentário: