domingo, 17 de julho de 2011

A mulher cachaça - Parte 1

Já ouvi falar que o pior porre que se tem notícia é de "vinho". Sabe aquela coisa bem doce, cheia de corantes e com nome do liquide cheio de hemáceas do esposo da dona vaca? Aquilo nem vinho é, por isso mesmo deve ser a pior ressaca etílica, porque no que diz respeito a outros inconvenientes ressacantes de uma noitada impensada a mulher cachaça é disparado o primeiro lugar.

São duas e meia de um sábado-pra-domingo qualquer, o Happy Hour já virou Oh Happy Day e você sente, no fundo da sua existência, uma necessidade inexplicável de não voltar pra casa e dormir, afinal, é sábado à noite, ficar em casa é coisa de forever alone e você, que não vai deixar as pessoas pensarem isso da sua pessoa, quer planejar o resto da noite, mesmo sabendo que falar de você mesmo na terceira pessoa é um sinal forte de embriaguez.

Sejamos francos. Você já está naquele barzinho à horas e não bebe só porque nunca fez amigos bebendo leite, você bebe para que as outras pessoas fiquem mais interessantes. E é agora que essa teoria começar a mostrar força.
No fundo do bar aparece, como num passe de mágica, aquela garota que, você sabe, ela sempre esteve ali, mas era a sua vista que não a enxergava. Não que ela fosse feia, mas você ainda não estava apto pra vê lá. Com certeza é alguma variação menor e mais discreta do seu destino recente.
Ela percebe o seu olhar e não desvia por 1 segundo, por 2, por 5 e quando você se deu conta já deu aquele sinal sem nome de quando você levanta e copo e dá leve abaixadinha na cabeça, demonstrando uma estranha disposição de conversar, e isso acontece logo.

Vamos resumir o que acontece nas próximas cenas: bebeu, conversou, bebeu, conversou ao pé do ouvido, bebeu, beijou, bebeu, agarrou, bebeu, falou-que-estava-de-carro-e-dava-carona, terminou a última saideira, conta, rua, caminho-maluco-até-a-casa-dela, amasso no carro.
Durante o amasso no carro rola aquele comentário dela que "homem é tudo igual" e você, sempre você, que tem um fraco por causas perdidas, quer provar que não é um animal insensível e bruto que usa as mulheres, então você poe uma música lenta, permite que ela fale dela, pergunte sobre você, diga o achou dos dois, da e ganha uns beijos no pescoço e passa o seu telefone pra ela. Mais ainda, diz pra ela ligar porque pedir o telefone dela um homem qualquer pediria e ela te diz que se você é um homem especial merece um presente de despedida especial.

Sem ter certeza de como e quando chegou, você acordas na sua cama às duas e meia da tarde, com uma cede de quem ficou 2 dias no deserto e uma dor de cabeça que faz a cartela de paracetamol ser comida tal qual sucrilhos.
O celular pisca vermelho com pouca bateria e duas mensagens de um número esperadamente desconhecido.

A primeira diz que ela adorou a noite, que o seu beijo tem gosto de quero mais e que alguns ginastas olímpicos não conseguem se mexer tanto num banco de trás. Essa mensagem faz o seu ego quase ultrapassar a extratosfera, afinal, mesmo sem se lembrar você cumpriu o seu papel de homem e, além disso, deve ter sentido algum prazer também.
A segunda mensagem fala de como ela gostou da sua reação tranquila e até fofa quando a camisinha estourou.

A recepção, o entendimento dessa mensagem fez com que o seu sistema límbico mandasse uma mensagem complexa, quase alienígena, mas ao mesmo tempo tão simples que a definição de tudo aquilo saiu pela boca em uma palavra.
Fudeu.

Continua

Um comentário:

Any disse...

Quero saber o fim d estória.. será que o menino realmente se fudeu? rsrs